Crise já não te posso ouvir
A crise, palavra que ouvimos ultimamente a toda a hora,
usam e abusam em várias conversas.
Estou a ficar um pouco revoltada com esta palavra, usada
a torto e a direito, será que temos crise no Pico?
Eu acho, ou tenho a certeza que na nossa ilha ainda há
trabalho, boas habitações, boas estradas, toda a gente anda
bem vestida, então o que é crise? Quando eu era uma
criança ou mesmo uma jovem, assim como muitos do meu
tempo, um ovo era para a família, juntava-se cebola, salsa
e muita malagueta, batatas brancas já não havia pelo natal
para colocar na sopa, era couves, com um pouco de farinha
de milho, para ficar mais basto, era chamada sopa solteira.
E os nossos Idosos, que tinham de trabalhar até poder,
cultivar tudo para comer, ou deixar a sua casa a um filho
ou alguém que o quisesse velar, pois não tinham reforma.
Ter uma avó 4 anos enferma, sem ter fraldas dadas pela
segurança social, um avô que cortou uma perna, a outra
apodreceu, é mesmo esta a palavra, era a minha mãe que
fazia o penso e cadeira de rodas? Não havia, fez-lhe o meu
pai umas (moletas) de pau, hoje temos as canadianas.
Veio a fábrica a Tunapesca muitas raparigas e senhoras aí
faziam o seu dia de trabalho, mas ao chegar a casa não
tinham máquina de lavar, microondas e os filhos não
tinha creche. Muitas das nossas crianças em idade escolar
iam ao mato tirar leite a vacas e cabras e voltar para a
escola, não com bons sapatos nos pés, nem boa roupa
para os abrigar do frio e, estudavam, muitas inteligências
se perderam por falta de oportunidades.
Então a crise chegou ao Pico?
terça-feira, 24 de agosto de 2010
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